Haviam três tipos de refúgio de bombas, os nos subsolos de
edifícios particulares, os em edificações públicas (como por exemplo Metrô), e
os refúgios de construção privada, financiada por um grupo de vizinhos.
Barcelona chegou a ter mais de
mil, no entanto, a grande maioria foi destruída por ordem de Franco após o fim
da Guerra, para não abrigar rebeldes, ou ainda não manter o testemunho de
tempos difíceis. No entanto, alguns que sobraram foram transformados em
estacionamentos subterrâneos, infraestruturas de saneamento, ou pontos
turísticos.
Eu visitei especificamente o de número 150, situado na Praça
Diamante, Bairro de Gracia, Barcelona. Os primeiros
passos da construção do abrigo antibombas da Praça Diamante eram as mesmas que
do refúgio da Praça da Revolução, como era a mesma comissão formada por
moradores dos dois setores, que comprometeu ambas as construções.
Apesar intenção inicial era avançar com os dois abrigos, pouco depois, no mês
de junho de 1937, a comissão foi dissolvida, constituindo duas novas, uma para
cada abrigo. A nova comissão da Praça Diamante encurralou os membros da primeira comissão,
juntamente com o trabalho quase até o fim de 1938, quando ele finalmente se
levantou.
O abrigo foi construído com cerca de oito metros de profundidade, tem duas
entradas, que apontam cerca de sete metros de profundidade com cinco etapas que
completam a descida até as galerias de minas em forma de labirinto, onde
abrigava os moradores, até quando não mais havia perigo de explosão.
O abrigo tem diferentes faixas de bancos junto as paredes, divididos em lotes
de quarenta centímetros, que era o espaço marcado como ideal para seus usuários
se sentarem.
Antes do trabalho mencionado, que durou até o final de 1937, por várias razões os desenvolvedores ficaram
sem qualquer pedreiro que poderia seguir.
Apesar disso, o abrigo estava quase
terminado, e, aparentemente, só estava se trabalhando para abrir um novo acesso
à rua Topazi.
Seus proponentes queriam construir três novas galerias, que teriam quase o
dobro da capacidade do abrigo, e por alguma razão desconhecida, este trabalho
não foi autorizada pelas autoridades da época.
O abrigo oferecia dois tipos de iluminação, a principal através de uma fiação
lâmpadas de 125 watts espalhadas em diferentes galerias e de emergência com umas
arandelas que revestem as paredes e no
topo tinha um recipiente vidro, onde era colocado algum tipo de óleo ou
petróleo para illuminar quando cortavam a eletricidade.
Também tem disponível uma sala destinada a dois poços de ventilação, que também
serviram para tirar terra do refúgio e descida de materiais de construção e de
enfermagem.
Como era escassa
a oferta de materiais de construção, muitos abrigos foram construídos a partir
de pedras e tijolos recuperadas das
edificações destruídas pelos bombardeios.
Comenta-se que a
agonia de ficar no subterrâneo, apinhados e sentindo o tremor da terra e os
sons dos bombardeios, sem saber de suas famílias ou entes queridos, era tão
grande que com o tempo os usuários foram deixando de descer aos abrigos quando
tocavam os alarmes, se entregando a própria sorte.
Meu avô, minha
avó e sua irmã, trabalhavam numa fábrica nessa época, e num desses bombardeios a fábrica foi
atingida e minha tia-avó perdeu uma das pernas.
Enfim, triste
episódio.