domingo, 27 de outubro de 2013

Instruir esse povo? De que jeito?

  Triste isso!

   E, para ponderação de meus queridos leitores, deixo também um texto publicado no Blog dos ex-alunos que estudaram na primeira série do Caetano de Campos em 1971, e se formaram do ginásio em 1978 no período da manhã, em homenagem a todos que estudaram ou trabalharam na maior Instituição Pública de Ensino de São Paulo, a respeito de uma professora chamada Maria Helena Chagas, a qual tive oportunidade de conhecer, ser aluno a amigo pessoal da família.
  Segue:
À esq. professora Walburgis, diretor Jorge, prof. Casagrande e professora Maria Helena Chagas- acervo professora Ilse Julia Heise Oliveira

 "Se você foi aluno de português desta professora, eu diria com convicção que se você sabe alguma coisa sobre essa matéria é por causa dela. E por diversos motivos: primeiro porque você morria de respeito por ela, que não dava colher de chá pra ninguém , ou se sabia a matéria ou repetia de ano , mesmo! E as reprovações não eram poucas, naquele ano de 1977, de 40 alunos da sétima série B, somente 16 passaram… Uma coisa que ela detestava ( confidenciado à uma amiga) era ao se aproximar da sala de aula, ver aquele monte de cabecinhas olhando pro corredor, pra ver se ela estava chegando. Dizia ela que ao a avistarem voavam feito ratinhos em desespero e logo se postavam em pé ao lado das carteiras (se um aluno estivesse sentado, ela não entrava!). Não havia a mínima possibilidade de alguém estar mascando chiclete, pois este iria imediatamente ser grudado pelo próprio aluno no seu cabelo e não era na ponta do cabelo não! Quanto ao método de ensino, esse sim, foi inesquecível: D. Maria Helena adotava um sistema chamado de diagramas. Nós tínhamos que montar as frases, fazendo uma análise de cada elemento dela e colocando esses elementos numa espécie de montagem que separava cada uma das palavras. Começou o ano de uma maneira fácil, mas com o passar do tempo esses diagramas de análise sintática iam se complicando cada vez mais. Quando ela reprovava um aluno, não voltava atrás: em plena época de ditadura reprovou a filha de militar de alta patente. Foi chamada por ele, que exigiu que sua filha passasse de ano ou… Ela nem pestanejou, disse que estava reprovada e fim de conversa! Numa reunião com pais que disseram a ela que era muito rígida como professora estava presente o organizador da Fuvest. Naquele final de ano , a aluna filha do organizador da Fuvest deu um cartão do seu pai para a D. Maria Helena e disse que ele queria falar com ela, pediu que ligasse. Ela não ligou. A menina foi falar com ela de novo, dizendo que seu pai insistia para que ela lhe telefonasse. Ela telefonou. Ele queria que ela fosse trabalhar na organização da Fuvest. Percebendo o comprometimento, a seriedade  e sua capacidade profissional , fez o convite. Ela aceitou e lá ficou por muitos anos. Reprovou alunos pelos mais diferentes motivos. Uma filha de um outro militar era um ano mais nova que o resto de sua turma e ela a reprovou, mesmo sendo boa aluna, por achá-la imatura. Ninguém conseguia reverter a decisão . Era uma época em que os professores tinham plenos poderes. Se perguntar a algum aluno do ginásio da década de 1970 , qual o único professor de que se lembra, certamente, Maria Helena Chagas é a resposta."

  Eu leio esse texto e reviro minhas memórias vividas em um colégio público referência na época, e apesar do conflito sobre a metodologia pedagógica daquela época com a de hoje, analiso pura e simplesmente a questão de resultado... e uma questão não deixa de me perturbar....onde foi que nos perdemos?
 

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