quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Tentando entender - Kalahari

  Bom dia comunidade!
  "Tentando entender" é uma série de capítulos sobre assuntos que me chamam a atenção por merecerem ponderação, e quem sabe, reavaliação de nossos conceitos.


   Deserto do Kalahari
  
   Parece um paraíso, mas é o deserto mais traiçoeiro do mundo. Após a curta estação de chuvas há muitos córregos e até mesmo rios, mas após algumas semanas, tudo seca no Kalahari. A grama adquire um belo tom dourado, ótimo como pasto para os animais, mas nos próximos nove meses, não haverá água para beber, assim, os animais vão deixando o pasto para trás. 
   Os seres humanos o evitam, pois o Homem precisa de água para viver. Assim, as belas paisagens são isentas de gente, exceto o pequeno povo do Kalahari. 
   Atraentes, peculiares, pequenos e graciosos, os bosquímanos. 
   Onde um ser humano morreria de sede em poucos dias, eles vivem felizes nesse deserto, que não parece deserto. 
   Eles sabem onde buscar água, bulbos e tubérculos, e quais são os frutos e leguminosas comestíveis. E sabem o que fazer quanto à água. 
   Por exemplo, de manhã cedo, pode-se recolher as gotas de orvalho  nas folhas dispostas com cuidado na noite anterior. 
   Gramíneas também podem servir de reservatório. E insignificantes galhinhos podem indicar onde se deve cavar, e então se depara com um enorme tubérculo. Tiram-se as lascas com um bastão partido para ter uma ponta afiada. Se pega um punhado de raspas aponta-se o dedo para a boca e aperta-se. 
   Deve ser o povo mais feliz do mundo. 
   É um povo muito meigo. Nunca brigam nem falam asperamente com uma criança. 
   Assim naturalmente elas se comportam bem. 
   Eles não têm crime, punição ou violência. Não tem leis, nem polícia, nem juízes e nem chefes. 
   Acham que “os Deuses” somente põem coisas úteis na Terra para eles usarem 
   Nesse mundo deles, não há nada ruim e nem maldade. Nem uma serpente venenosa é tão ruim, basta saber de que lado ficar. Na verdade a serpente é muito boa e deliciosa, e sua pele dá uma bela bolsa. 
   Eles vivem na vastidão do Kalahari em pequenos grupos família. Uma família de bosquímanos fica anos sem encontrar uma com a outra. No Kalahari há bosquímanos que nunca viram o homem civilizado. 
   A característica que torna o bosquímano diferente das outras raças é o fato de não terem senso de posse. 
   Onde vivem, não há nada que se possa possuir. Apenas árvores, mato e animais. Vivem num mundo amável onde nada é duro como rocha ou concreto. 

   A apenas 60 milhas ao sul há uma grande cidade. 
  E homens civilizados. O Homem civilizado recusou-se a adaptar-se ao seu meio. Adaptou seu meio para servi-lo. Assim ele construiu cidades, estradas, veículos, máquinas, e redes elétricas para realizar seus projetos racionais. Mas não soube quando parar. 
   Quanto mais melhorava o meio para facilitar a vida, mas a vida complicava. E agora, seus filhos ficam de dez a quinze anos na escola, para aprender a sobreviver nesse perigoso habitat. 

   O homem civilizado que se negou a adaptar-se ao seu meio natural, tem agora que se adaptar e readaptar a cada instante ao meio criado por ele. Por exemplo, se for uma segunda feira e aparecer o número 7:30, você tem que desadaptar do seu meio doméstico, e readaptar- se a um meio totalmente diferente. 8:00 significa que todos devem parecer muito ocupados. 10:30 significa que pode parar de parecer ocupado por quinze minutos, e então deve parecer ocupado de novo. 
   E assim, seu dia se trabalho é separado por partes, e a cada momento deve se adaptar a novas circunstâncias.  
   
   Mas no Kalahari nenhum relógio ou calendário comanda suas ações. 
   
   É sempre terça feira, ou quinta, ou domingo se quiser!
   #ficadica
 

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